Grafite de Porta dedicou esta semana um espaço especial para a marcha que irá ocorrer neste domingo.
Marcha das Vadias.
Evento que vem ganhando espaço por onde passa, Toronto, São Paulo, Curitiba, Londrina e agora é a vez de Maringá.
Conversamos com Camille Balestieri uma das organizadoras e também porta voz do evento.
O intuito do bate papo, além de obviamente demonstrar o apoio do blog em referência a tal evento é passar a verdadeira imagem do evento e não uma imagem distorcida que vem sendo passada.
Confira na integra o bate papo!
Release:
"Acontece no próximo dia 10/06, a Primeira Marcha das Vadias de Maringá, que tem como finalidade despertar a sociedade maringaense para os males causados pelo machismo.
A marcha nasceu na Universidade de Toronto como resposta à infeliz fala de um policial que, em seu depoimento sobre segurança no campus, defendia que para evitar estupros as mulheres não deveriam se vestir como "vadias".
Em Maringá, a Marcha das Vadias busca trazer à superfície questões como: a penalização e extermínio de todos os tipos de violência; a falta de preparo dos agentes que atendem às vítimas; o direito ao aborto legal e seguro; os estereótipos em geral e a liberdade sexual das mulheres.
O evento é uma iniciativa independente, porém, com grande apoio da comunidade acadêmica e da atual Gestão do Diretório Central dos Estudantes da UEM, a Movimente-se. É esperado um público de aproximadamente 1000 pessoas.
Mais informações no blog: clique aqui.
Serviço: Marcha das Vadias
Concentração: Praça da Prefeitura
Horário: 14H
Percurso: Saída da praça da prefeitura até o estádio Willie Davids - mesmo caminho da parada LGBT
Nomes e contatos:
Fernanda Paz email
Monica Almeida email
- Como está sendo a reação da população maringaense a respeito da Marcha, vi alguns comentários a respeito da Marcha realizada em Londrina com conteúdo pesado, pejorativo do tipo "O calçadão virou puteiro". Em Maringá está sendo diferente ou está havendo uma dose de pré-conceito em relação ao evento?
O preconceito com relação a manifestações populares sempre existe, especialmente quando levam um nome tão pesado como a Marcha das Vadias.
A palavra vadia assusta justamente por toda a conotação pejorativa que foi construída em torno dela, dá para observar a grande diferença que existe entre as palavras vadia e vadio ambas vem do verbo vadiar, ou seja, ficar à toa, e mesmo assim possuem significados tão diferentes que foram socialmente e historicamente construídos.
- Durante a promoção do evento “parada LGBT” tivemos um cartaz com a imagem da Catedral de Maringá, após isso ocorreram certos impasses entre igreja e organizadores. Existiu alguma manifestação da Igreja, se colocando em prol ou indo contra a Marcha das Vadias em Maringá?
Já sabíamos que Maringá é uma cidade conservadora e reacionária, por isso já estamos preparados para todo tipo de abordagem negativa, mas agora com o contato com a imprensa, estamos observando que existem profissionais éticos e eficientes que abordam o tema de acordo com sua relevância.
Não tivemos posicionamento da igreja sobre a marcha por enquanto. Mas penso que o fato da Elisa Riemer, mesma artista que produziu o cartaz da parada LGBT, também ter usado a catedral em um dos nossos cartazes mostra que a construção já transcendeu o nível de símbolo religioso. A primeira coisa que vem a cabeça quando pensamos em Maringá é a catedral.
- Sou simpatizante da causa, acredito que são inúmeras as falhas do sistema de segurança em relação às mulheres, temos casos de mulheres que são estupradas dentro da própria casa, por seu próprio marido. A marcha tem essa intenção de conscientização também? Existe ainda uma população feminina que não tem conhecimento da própria existência de uma delegacia da mulher, do que é um crime contras a mulher e acabam muitas vezes, sendo vítimas por falta de informação.
Sim, a marcha tem a intenção de conscientizar e encorajar essas mulheres a denunciar a violência, seja ela física, psicológica, moral ou patrimonial. A lei Maria da Penha está aí para isso.
Maringá sofre outro problema sério, a delegacia da mulher funciona apenas de segunda à sexta-feira em horário comercial. É preciso que essa esteja aberta sete dias da semana 24H e conte com profissionais preparados para atender às vítimas, a mulher além da agressão que sofre em casa, sofre o preconceito de policiais mal preparados.
- A Marcha das Vadias, acaba no Willie Davids ou irá continuar?
Vamos cobrar o resto do ano, ainda não sabemos direito como iremos agir, mas esta cobrança é um projeto nosso.
É importante que não só as mulheres participem, mas também os homens. O machismo também faz dos homens suas vítimas, toda hora são cobrados a mostrar o quanto são machos, por isso queremos a participação de todos.
* Arte de Dinor Chagas
Agradecimento especial à grande Camille Balestieri, Ana Lúcia, Fernanda Paz, Monica Almeida pela organização, empenho e principalmente por lutarem por todas as mulheres, e não tão diferente, meu agradecimento a Elisa Rimer, pelos belíssimos trabalhados.
Não se Cale! Fale!
Não tenha medo! Lute!
Siga em frente!
Marche!
Vida longa a todas as vadias!
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